
Introdução
13 E sucedeu que, estando Josué perto de Jericó, levantou os seus olhos e olhou; e eis que se pôs em pé diante dele um homem que tinha na mão uma espada nua; e chegou-se Josué a ele, e disse-lhe: És tu dos nossos, ou dos nossos inimigos?
14 E disse ele: Não, mas venho agora como príncipe do exército do Senhor. Então Josué se prostrou com o seu rosto em terra e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu Senhor ao seu servo?
15 Então disse o príncipe do exército do Senhor a Josué: Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim.
(Josué 5 versos 13 à 15)
Prezados leitores do Viver é Cristo,
A narrativa da queda das muralhas de Jericó ressoa através dos séculos como um dos relatos mais emblemáticos do Antigo Testamento. Carregada de simbolismo e poder divino, essa história transcende a mera crônica de um evento bélico, oferecendo profundas lições sobre fé, obediência e a intervenção de Deus na história de seu povo. Neste artigo, mergulharemos nas camadas dessa fascinante passagem, explorando sua história bíblica, seu contexto geográfico e algumas curiosidades que enriquecem nossa compreensão.
A História Bíblica: Um Ato de Fé e Poder Divino
O relato das muralhas de Jericó encontra-se no livro de Josué, marcando um momento crucial na conquista da Terra Prometida pelos israelitas após 40 anos de peregrinação no deserto. Liderados por Josué, sucessor de Moisés, o povo de Israel se depara com Jericó, uma cidade fortificada considerada uma barreira aparentemente intransponível [cf. 6].
Ora Jericó estava rigorosamente fechada por causa dos filhos de Israel; ninguém saía nem entrava. (Josué 6 verso 1)
A estratégia divina para a tomada de Jericó desafia qualquer lógica militar convencional. Ao invés de um assalto direto, Deus instrui Josué a ordenar que os guerreiros marchem ao redor da cidade uma vez por dia durante seis dias, precedidos pelos sacerdotes portando a Arca da Aliança e tocando trombetas de chifre de carneiro (shofar) [cf. 6]. No sétimo dia, a ordem muda: sete voltas ao redor da cidade, um toque prolongado das trombetas e, ao sinal de Josué, um clamor uníssono de todo o povo.
O resultado é surpreendente e milagroso. As Escrituras narram que, ao soar das trombetas e ao clamor do povo, as muralhas de Jericó ruíram, permitindo que os israelitas invadissem e conquistassem a cidade. Este evento é fundamental na história bíblica, pois demonstra o poder soberano de Deus em cumprir suas promessas e a importância da obediência e da fé por parte do povo.
É importante notar que a narrativa bíblica, embora relate eventos históricos, possui uma dimensão teológica primordial. O objetivo principal não é fornecer um relato puramente factual no sentido moderno, mas sim transmitir uma mensagem existencial e formar o caráter do povo de Deus. A precisão dos detalhes, nesse contexto, serve ao propósito maior de revelar a ação divina na história da salvação.
30 Pela fé caíram os muros de Jericó, sendo rodeados durante sete dias. (Hebreus 11 verso 30)
A Geografia Bíblica: Jericó como Porta de Entrada
Jericó era uma cidade de grande importância estratégica e econômica na antiguidade. Localizada no vale do Jordão, perto da margem ocidental do rio e a cerca de 8 quilômetros do Mar Morto, controlava importantes rotas comerciais e agrícolas. Sua posição a tornava um ponto chave para quem buscava entrar ou controlar a região central de Canaã.
A fertilidade da área ao redor de Jericó, irrigada por fontes e riachos, contrastava com a aridez do deserto circundante, conferindo-lhe o título, em algumas tradições, de “Cidade das Palmeiras“. Essa localização estratégica e sua prosperidade explicam por que Jericó era uma das primeiras e mais bem fortificadas cidades que os israelitas encontraram ao iniciar a conquista da Terra Prometida.
E o sul, e a campina do vale de Jericó, a cidade das palmeiras, até Zoar. (Deuteronômio 34 verso 3)
E reuniu consigo os filhos de Amom e os amalequitas, e foi, e feriu a Israel, e tomaram a cidade das palmeiras. (Juízes 3 verso 13)
Também os filhos do queneu, sogro de Moisés, subiram da cidade das palmeiras com os filhos de Judá ao deserto de Judá, que está ao sul de Arade, e foram, e habitaram com o povo. (Juízes 1 verso 16)
E os homens que foram apontados por seus nomes se levantaram, e tomaram os cativos, e vestiram do despojo a todos os que dentre eles estavam nus; e vestiram-nos, e calçaram-nos, e deram-lhes de comer e de beber, e os ungiram, e a todos os que estavam fracos levaram sobre jumentos, e conduziram-nos a Jericó, à cidade das palmeiras, a seus irmãos. Depois voltaram para Samaria. (segunda Crônicas 28 verso 15)
A própria Bíblia, nesse sentido, funciona como um “GPS” para entendermos a relevância dos locais visitados. Jericó não era apenas um ponto no mapa, mas um símbolo da resistência cananeia e um testemunho do poder de Deus em remover obstáculos geográficos e militares para o avanço de seu plano. A conquista de Jericó, portanto, pode ser vista como um prenúncio da posse de toda a terra prometida, com a intervenção divina abrindo o caminho para o cumprimento das promessas feitas a Abraão e seus descendentes.
12 E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele.
13 Então disse a Abrão: Saibas, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos,
14 Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza.
15 E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado.
16 E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia.
17 E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades.
18 Naquele mesmo dia fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates; (Gênesis 15 versos 12 à 18)
Curiosidades Bíblicas e Reflexões Teológicas
A história das muralhas de Jericó suscita diversas curiosidades e reflexões teológicas relevantes para os nossos dias:
- A natureza incomum da estratégia: A ordem de marchar e tocar trombetas parece ilógica do ponto de vista militar. Isso demonstra que a vitória não dependia da força ou da estratégia humana, mas inteiramente da ação de Deus em resposta à fé e obediência do seu povo.
- O papel da fé e da obediência: A narrativa enfatiza a importância de seguir as instruções divinas, mesmo quando parecem estranhas ou sem sentido. A fé em Deus e a obediência à sua Palavra são apresentadas como condições essenciais para experimentar o seu poder e as suas promessas.
- A relação entre a arqueologia e o relato bíblico: Muitos arqueólogos têm se aproximado da Bíblia com respeito, buscando iluminar e clarificar o contexto de suas narrativas. Embora a arqueologia possa fornecer insights valiosos sobre a cultura e os tempos bíblicos, é crucial lembrar que o propósito fundamental das Escrituras é teológico e formativo. A fé não se fundamenta primariamente em evidências arqueológicas, mas na revelação de Deus presente no texto bíblico.
- A mensagem para hoje: A história de Jericó nos lembra que, diante de obstáculos aparentemente insuperáveis em nossas vidas, podemos confiar no poder de Deus para derrubar “muralhas”. Contudo, essa confiança deve ser acompanhada de fé e obediência aos seus caminhos. A batalha, em última análise, pertence ao Senhor.
Em suma, a narrativa das muralhas de Jericó é muito mais do que um simples relato de uma conquista antiga. É uma poderosa demonstração da soberania divina, da importância da fé e da obediência, e da promessa de que Deus age em favor daqueles que confiam nele. Ao meditarmos nessa história, somos desafiados a examinar a nossa própria fé e a reconhecer que, com Deus, não há impossíveis.
Que a riqueza dessa passagem continue a iluminar e fortalecer a nossa jornada de fé, pois Viver é Cristo.
Bibliografia
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- CARVALHO JUNIOR, Pr. Curiosidades Biblicas e Historicas.
- MARTINEZ, Jose M. Hermeneutica Biblica.
- LACHLER, Karl. Passos para Pregação Biblica.
- VAN GEMEREN, Willem A. Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do AT – Vol 5
- BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida Revista e Atualizada. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
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