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Série Soteriologia: 002 

De forma a uma melhor condução pedagógica, preferimos utilizar de uma sequência de estudos que abordam o tema, de forma a expor as principais discussões e dogmáticas que estão ligados ao assunto, visando apresentar as diferentes visões deste tema abordado e contribuir para o aperfeiçoamento cristão. Esperamos que por esta forma de desenvolver esta temática, consigamos reduzir as discussões acaloradas, mostrando que nos bastidores da história, muitas coisas aconteciam para promover a formação do pensamento cristão neste assunto, então, prossigamos para o alvo e boa leitura, pois “Viver é Cristo!“. 

Série Soteriologia, acompanhe a série e seja edificado.

001 – João Calvino: A Vida, Obra e Legado do Reformador de Genebra

002 – Jesus: Criado ou Deus Autoexistente?

003 – Santificação, um processo na vida do crente

004 – Jacob Armínio: A Vida, Obra e Influência do Teólogo Holandês

005 – Calvinismo: A Soberania de Deus na Salvação

006 – Arminianismo: A Graça e o Livre-Arbítrio na Salvação

007 – O que é a Salvação?

008 – Soteriologia, a doutrina da Salvação

Introdução: Um Mistério ou uma Contradição?

A identidade de Jesus sempre foi uma das questões mais controversas dentro e fora do cristianismo. Se Ele é Deus autoexistente, como afirmado em João 1:1, como pode ser chamado de “Filho”, termo que, à primeira vista, sugere uma origem? Se é Filho, não deveria ter sido criado? E, caso tenha sido criado, Ele seria um “Deus menor”? Essas são questões frequentemente levantadas por aqueles que desafiam a doutrina da Trindade e a plena divindade de Cristo.

A resposta, porém, está nas Escrituras e na forma como elas descrevem a relação do Filho com o Pai. O que parece ser uma contradição à primeira vista se resolve quando entendemos a profundidade teológica dos termos utilizados, a natureza da geração eterna do Filho e o propósito de sua encarnação.

Prepare-se para uma jornada bíblica e teológica que demonstrará, com clareza e firmeza, que Jesus é Deus eterno, coigual com o Pai e o Espírito Santo, sem jamais ser um ser criado.


João 1:1 – O Verbo que Sempre Foi Deus

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (João 1:1)

Aqui, três verdades essenciais são expostas:

  • Jesus é eterno – O verbo “era” (ēn) indica existência contínua, sem começo ou fim.
  • Jesus é uma pessoa distinta do Pai – “O Verbo estava com Deus” (pros ton theon) indica um relacionamento eterno e íntimo entre o Pai e o Filho.
  • Jesus é plenamente Deus – “E o Verbo era Deus” (kai theos ēn ho logos) enfatiza que Ele compartilha da mesma essência divina do Pai.

Além disso, João 1:3 reforça que Jesus é o Criador, não uma criatura:

“Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito.”

Isso prova que Cristo é autoexistente e não um ser criado.


Jesus é o Filho, mas não um ser criado

A questão da filiação de Jesus muitas vezes leva a interpretações equivocadas. O termo “Filho” não significa que Ele foi gerado no sentido de ter um início no tempo.

O termo “unigênito” (monogenēs) em João 3:16 frequentemente é mal compreendido. Ele não significa “criado”, mas sim “único em seu gênero”. Jesus é o único Filho de Deus de maneira singular e eterna. Como bem destaca o teólogo Louis Berkhof:

“Se Cristo fosse Filho de Deus apenas num sentido oficial ou ético, o termo ‘unigênito’ perderia completamente o seu significado.”

A Bíblia ensina que a filiação de Jesus é eterna:

“Porque Deus nunca disse a nenhum dos anjos: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei?” (Hebreus 1:5)

Esse “hoje” não se refere a um tempo específico, mas a uma relação eterna entre Pai e Filho dentro da Trindade.


Geração, não Criação: A Relação Eterna do Filho com o Pai

A Igreja sempre entendeu que a filiação de Cristo deve ser explicada pelo conceito de “geração eterna”, ou seja, o Pai gera o Filho desde a eternidade, sem um começo ou fim.

O próprio Jesus afirmou sua existência antes da criação:

“Antes que Abraão existisse, EU SOU.” (João 8:58)

O termo “EU SOU” remete diretamente ao nome divino revelado a Moisés em Êxodo 3:14, onde Deus declara: “Eu sou o que sou”. Com isso, Jesus se identifica como o próprio Deus eterno e autoexistente.


Os crentes são chamados filhos de Deus

📖 João 1:12 – “Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome.” 

✅ Os crentes se tornam filhos de Deus por **adoção e fé em Cristo**. 


Os anjos também são chamados filhos de Deus

📖 Jó 1:6 – “E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles.” 

✅ Os anjos são chamados “filhos de Deus” no sentido de serem seres criados por Deus


Jesus não é um “primogênito criado” 

📖 Colossenses 1:15 – “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação.” 

✅ Algumas pessoas dizem que “primogênito” significa que Jesus foi criado, mas isso é um erro de interpretação! 

📌 “Primogênito” no contexto bíblico significa posição de supremacia, não criação. 

📌 Davi foi chamado de “primogênito” em Salmo 89:27, mesmo não sendo o primeiro filho de Jessé. 

📌 Jesus é o supremo sobre toda a criação, não o primeiro ser criado. 


O Dilema Histórico: Quando Esse Debate Surgiu?

Essa questão surgiu nos primeiros séculos do cristianismo e foi intensamente debatida na Controvérsia Ariana no século IV.

1. Os Primeiros Séculos do Cristianismo

  • Os Pais da Igreja, como Justino Mártir (100-165 d.C.) e Irineu de Lyon (130-202 d.C.), já defendiam a pré-existência de Cristo e sua divindade.
  • Orígenes (185-254 d.C.) desenvolveu a ideia da “geração eterna do Filho”, mas algumas de suas expressões foram interpretadas erroneamente mais tarde.

2. A Controvérsia Ariana (Século IV)

  • Ário (256-336 d.C.), presbítero de Alexandria, ensinava que Jesus teve um começo, pois era “gerado” pelo Pai, e, portanto, não poderia ser coeterno com Ele.
  • Esse ensino foi combatido por Atanásio de Alexandria (296-373 d.C.), que defendeu que Jesus era da mesma essência do Pai (homoousios).

3. O Concílio de Niceia (325 d.C.)

  • O debate levou ao Concílio de Niceia, onde a Igreja rejeitou o arianismo e declarou oficialmente que Jesus é coeterno e verdadeiro Deus.
  • No Concílio de Niceia, a cristologia de Ário foi rejeitada, e foi afirmado que a Igreja acreditava em “um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado do Pai, unigênito da essência do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, consubstancial com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas no céu e na terra; o qual, por nós homens e pela nossa salvação desceu do céu e encarnou e foi feito homem“. O concílio condenou aqueles que diziam que houve um tempo em que Ele não existiu, ou que não existiu antes de ser feito, e que foi feito do nada ou de alguma outra substância ou coisa, ou que o Filho de Deus é criado ou mutável, ou alterável
  • O Credo Niceno-Constantinopolitano (381 d.C.) reafirmou essa doutrina e condenou qualquer tentativa de reduzir Jesus a um ser criado.

Conclusão: O Filho é Deus, e Nele Está a Vida Eterna

A questão “Se Jesus é Filho, Ele foi criado?” surgiu historicamente com Ário no século IV, mas foi refutada pelo Concílio de Niceia (325 d.C.).

A resposta bíblica é clara: Jesus não foi criado, Ele é o próprio Deus encarnado, eterno e autoexistente.

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14:6)

Se Jesus fosse apenas um mestre ou profeta, sua morte não teria poder redentor. Mas Ele é Deus, e Sua obra na cruz garante a vida eterna para aqueles que Nele creem.

Que essa verdade brilhe em nossos corações e fortaleça nossa fé!


Bibliografia

  • BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Campinas: Luz Para o Caminho, 1990.
  • GONZÁLEZ, Justo L. Uma História do Pensamento Cristão. São Paulo: Vida Nova, 2004.
  • KELLY, J. N. D. Doutrinas Centrais da Fé Cristã. São Paulo: Paulus, 2003.
  • SCHAFF, Philip. History of the Christian Church. Peabody: Hendrickson Publishers, 2006.

📢 Compartilhe este estudo e fortaleça sua fé na verdade sobre Jesus!

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Atenciosamente, Márcio M Santos 

Redator 

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